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Delirium no doente crítico: fatores precipitantes

22-Fevereiro-2019 - rcaap.pt



Enquadramento: O delirium constitui uma patologia frequente em doentes críticos, que continua subdiagnosticado, e, apesar de estar associado a um aumento da morbilidade e mortalidade, permanece pouco reconhecido pela equipe multidisciplinar. Caracteriza-se por uma disfunção cerebral que resulta num declínio cognitivo, sendo um importante preditor independente de prognóstico negativo. Objetivos: Identificar os fatores precipitantes de delirium nos doentes internados na Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente, do Hospital de Bragança, da ULSNE. Métodos: Realizou-se um estudo observacional e analítico, junto de 178 doentes internados na UCIP, resultado de 32 momentos de avaliação, dos quais, após aplicação da escala Intensive Care Delirium Screening Checklist (ICDSC), foi diagnosticado delirium a 50 doentes que passaram a constituir a amostra do estudo. Resultados: Identificaram-se o Propofol e o Midazolam como os sedativos utilizados, destacando-se o Propofol como o mais usado. Obteve-se uma prevalência de delirium de 28.1%. As variáveis independentes que se destacam, por serem as mais representadas na amostra, são a idade =65 anos, sexo masculino, residentes em meios rurais, casados, possuidores do ensino básico e reformados. Maioritariamente os doentes eram provenientes do Serviço de Urgência, internados na UCIP há menos de 10 dias, com visitas diárias de familiares, consumidores de álcool, com dor presente, submetidos a ventilação mecânica e com RASS 0. O delirium hiperativo era o mais representado na amostra, aparecendo relacionado com fatores como idade <65 anos, uso de ventilação mecânica, presença de dor ou situações de hipoxemia. Verificou-se significância estatística (p=0.019), quando correlacionados os scores da escala ICDSC e RASS. Utilizou-se o teste de Mann-Whitney para comparar as médias obtidas na escala de delirium com o grupo etário, verificando-se significância estatística (p=0.046). Conclusão: A escolha da sedação e a sua utilização não abusiva parecem ser práticas corretas, refletidas na baixa prevalência de delirium na população em estudo. No entanto, relativamente a todos os outros fatores precipitantes, conclui-se que, é essencial atuar, de forma adequada, sobre aqueles que podem ser modificados, nomeadamente, a promoção da orientação, o envolvimento da família, o ambiente da UCIP, as mobilizações e atividade física, o controlo da eliminação vesical e intestinal, a manutenção de uma correta oxigenação e pressão arterial, o controlo da dor, o uso de ventilação mecânica e a higiene do sono. Reveste-se de igual importância, a sensibilização dos profissionais de saúde para a monitorização do delirium, através da aplicação da ICDSC, tendo em mente o diagnóstico precoce desta intercorrência, bem como a avaliação rotineira da sedação, apelando para a sua adequada utilização no doente crítico.



Link para o texto completo:
 
http://hdl.handle.net/10198/17733