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Sustainable higher education institutions : sustainable development challenges of portuguese higher education institutions

18-Novembro-2017 - rcaap.pt



Esta investigação insere-se no domínio do desenvolvimento sustentável das instituições de ensino superior (IES). O seu desenvolvimento foi aplicado às IES portuguesas. Atualmente são conhecidas diferentes práticas internacionais das IES face ao desenvolvimento sustentável. No entanto, em Portugal, os estudos na área são praticamente inexistentes e a perceção geral é de que estas práticas são, ainda, escassas. Este estudo propõe-se contribuir para reduzir a escassez de estudos na área, no contexto Português. Para a prossecução de tal desiderato, delinearam-se os seguintes objetivos principais de investigação: (i) Conhecer e caracterizar a abordagem das IES face ao desenvolvimento sustentável; (ii) Identificar as práticas que caracterizam as IES sustentáveis; (iii) Identificar as dificuldades, os estímulos e os desafios na implementação da sustentabilidade nas IES portuguesas; (iv) Analisar o estágio de implementação das práticas de desenvolvimento sustentável nas IES portuguesas. Para alcançar tais objetivos gerais, desenvolveram-se três estudos separados, mas complementares (organizados e publicados em quatro artigos científicos). O primeiro visou identificar as práticas promotoras do desenvolvimento sustentável existentes nas IES portuguesas. Como fonte de informação utilizou-se a informação pública, disponível nos sítios de Internet das instituições de ensino. Este primeiro estudo circunscreveu-se às práticas formalmente comunicadas, pelas instituições, à comunidade. As práticas comunicadas foram analisadas através de uma abordagem qualitativa, recorrendo-se para o efeito à análise de conteúdo. Foram analisados os sítios da Internet nucleares de todas as instituições de ensino superior portuguesas públicas (excluiu-se da análise os sítios de departamentos, escolas e faculdades). A identificação de exemplos que pudessem constituir estas práticas nas diferentes dimensões do desenvolvimento sustentável (ambiental, económica, social e cultural, e institucional, educacional e política) resultou da revisão da literatura sobre desenvolvimento sustentável e IES sustentáveis. Os resultados sugerem que mais de 50% das instituições de ensino superior portuguesas encontram-se perante estágios iniciais de implementação e comunicação do desenvolvimento sustentável. Apesar da revisão da literatura revelar a importância da dimensão ambiental nas instituições de ensino superior, também associadas ao conceito de práticas de greenwashing (lavagem verde), os resultados mostram que as instituições portuguesas dão maior ênfase às dimensões económica e social (pelo menos no que respeita às práticas que são comunicadas à comunidade). Ao priorizar as questões relativas à sustentabilidade na sua agenda, as instituições de ensino superior portuguesas podem melhorar a sua relação com as principais partes interessadas (por exemplo, no âmbito da sua classificação em rankings internacionais, para efeitos de financiamento e ainda no reforço a sua imagem e competitividade). Face a uma maioria de instituições que não desenvolvem, ou que desenvolvem e não comunicam práticas de desenvolvimento sustentável, emergiu como relevante conhecer e identificar o que influencia a adoção de práticas sustentáveis pelas IES, como as IES veem o seu próprio desenvolvimento enquanto IES sustentável, que barreiras existem nesse processo e como devem ser ultrapassadas. Para responder a estas questões desenvolveuse o segundo estudo. Neste estudo começou-se por procurar conhecer, junto das principais partes interessadas (presidentes e reitores, funcionários docentes e não docentes, estudantes e entidades externas), qual o conceito de desenvolvimento sustentável, o que entendiam por IES sustentáveis e, ainda, que dificuldades, estímulos e desafios percecionavam perante a implementação da sustentabilidade no ensino superior português. O estudo foi desenvolvido através de entrevistas semiestruturadas às principais partes interessadas (presidentes e reitores, funcionários docentes e não docentes, estudantes e entidades externas) de quatro instituições de ensino superior (dois politécnicos e duas universidades), as quais foram tratadas através da análise de conteúdo (com recurso ao programa de análise qualitativa MAXQDA). Os resultados foram utilizados para compreender a conceptualização que cada uma das partes interessadas apresentava em relação aos diversos conceitos (desenvolvimento sustentável, IES sustentáveis, barreiras e desafios à implementação da sustentabilidade). Os resultados sugerem que embora a sustentabilidade seja um conceito amplo, o conceito de IES sustentável está associado à sobrevivência da própria Instituição e à dimensão ambiental. Apesar das principais partes interessadas, desde os líderes institucionais aos estudantes, apresentarem uma visão clara do papel que as IES devem ter em prol da sustentabilidade, prevalecem questões de ordem conjuntural que condicionam a estratégia e a implementação dessa visão, pelo menos nas IES portuguesas, tais como: (i) fatores socioeconómicos, (ii) demografia dos estudantes, (iii) redução de receitas, e (iv) competitividade entre Instituições. Face a este contexto, estas terão que ser priorizadas em detrimento das relacionadas com a sustentabilidade, porque são as primeiras que plenificam o quotidiano das instituições e, podem fazer depender a sua continuidade. Assim, as questões relacionadas com a sustentabilidade, apesar de consideradas significativas, acabam por ser secundarizadas, apesar de planeadas na estratégia de algumas IES Portuguesas. Deste modo, constrangimentos de recursos financeiros e humanos vão implicar menores investimentos numa estratégia das IES orientada para a sustentabilidade. Por conseguinte, torna-se fundamental conhecer boas práticas nacionais e internacionais e, ainda, desenvolver a criação de redes, uma vez que estas poderão fornecer pistas sobre como as Instituições podem enfrentar os desafios relacionados com a competitividade, o financiamento, o número de estudantes matriculados, as parcerias institucionais e a qualidade/excelência do ensino e da investigação. Este trabalho contribuiu, também, para investigar como as principais partes interessadas das IES compreendem o comprometimento das instituições Portuguesas no que se refere: (i) ao ensino da sustentabilidade em todos os cursos; (ii) ao incentivo à investigação e divulgação de conhecimentos da sustentabilidade; (iii) à implementação de campi verdes e apoio dos esforços locais de sustentabilidade, e (iv) ao envolvimento e partilha de informação com redes de contactos internacionais (tal como definido na iniciativa de sustentabilidade do ensino superior das Nações Unidas). Pretendia-se, ainda, compreender que boas práticas ou medidas são reconhecidas como promotoras do desenvolvimento sustentável ou para se tornarem instituições de ensino superior sustentáveis. Os resultados sugerem que a sustentabilidade é reconhecida como importante quer para as IES, quer para a sociedade, no entanto verifica-se que a sustentabilidade não se encontra, ainda, incorporada, implementada e institucionalizada em todo o sistema e atividades das IES. Na maior parte das Instituições, a sustentabilidade encontra-se apenas em algumas das atividades das IES, principalmente ao nível da educação. Apesar das principais partes interessadas serem unânimes em aceitar a importância da educação para o desenvolvimento sustentável, na maioria das IES portuguesas não há declarações formais e estratégicas que encorajem a sua implementação. Na prática, nas IES Portuguesas, as atividades para a promoção da sustentabilidade não estão implementadas em todo o sistema das IES, nem mesmo ao nível da educação para o desenvolvimento sustentável. No entanto, verifica-se que em algumas das atividades existem já algumas iniciativas, nomeadamente ao nível da investigação e da divulgação comunitária. Face à Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2014-2025) torna-se imprescindível a identificação das estratégias promovidas pelas IES em prol do desenvolvimento sustentável. Torna-se ainda essencial introduzir as questões da sustentabilidade, em todas as atividades, através de uma abordagem descendente (de cima para baixo), com o comprometimento e planeamento por parte dos órgãos de governo e, envolvendo todas as principais partes interessadas. Para melhor compreender o nível de implementação de práticas sustentáveis nas IES portuguesas prosseguiu-se com o terceiro estudo desta investigação. Neste âmbito, foi desenvolvido um inquérito por questionário disponibilizado à totalidade das instituições de ensino superiores públicas em Portugal. O questionário visava recolher dados que permitissem auferir as perceções dos dirigentes das IES quanto ao estado de implementação de práticas, projetos ou iniciativas para a sustentabilidade das próprias instituições, nas diferentes dimensões (ambiental, económica, social e cultural, e institucional, educacional e política). Pretendia-se, ainda, que a IES indicasse se havia aderido a rankings, se possuía certificações ou declarações na área do desenvolvimento sustentável ou na área da educação para o desenvolvimento sustentável. O inquérito por questionário foi enviado por correio eletrónico, através do LimeSurvey, a todos os Reitores, Presidentes, Diretores de Escolas, Faculdades e Departamentos de todas IES públicas e portuguesas. Os resultados sugerem que as instituições de ensino superior portuguesas começam a dar relevância à sustentabilidade nas diferentes dimensões e a incluir esta questão nos seus planos estratégicos e políticas de comunicação. No entanto, a maioria das práticas associadas às dimensões da sustentabilidade encontram-se, ainda, em fase de projeto, ou na fase de planeamento. De acordo com as conclusões finais, as IES portuguesas encontram-se ainda numa fase embrionária no que concerne à implementação, incorporação e institucionalização da sustentabilidade em todo o seu sistema, quer ao nível das atividades (educação, investigação, operações no campus, extensão comunitária e avaliação e comunicação através de relatórios), quer ao nível das dimensões (ambiental, económica, social e cultural e institucional, política e educacional). Os resultados corroboram o papel importante que as IES desempenham (ou podem desempenhar) na promoção da sustentabilidade. No entanto, a falta de recursos financeiros, a diminuição do financiamento no ensino superior e a diminuição do número de estudantes são percecionadas como as principais barreiras pelas IES, o que por sua vez condicionam este empoderamento, porque estas práticas ainda estão associadas à utilização de recursos financeiros. A investigação sugere, também, que é essencial identificar as estratégias das instituições de ensino superior, no que diz respeito à sustentabilidade e sua implementação, incorporação e institucionalização em todas as atividades, através de uma abordagem descendente, iniciando-se com atividades de planeamento dirigidas pelos órgãos de governo e que envolvam todas as principais partes interessadas. Por último, a investigação identifica, igualmente, a importância de uma mudança conceptual e organizacional das IES, relacionada com uma maior aproximação às principais partes interessadas, e resultando da incorporação, implementação e institucionalização da sustentabilidade em todo o sistema da IES, permitindo o estabelecimento de objetivos em consonância com as diferentes partes interessadas, bem como a diminuição da resistência por parte de alguma das partes interessadas ao desenvolvimento da sustentabilidade.



Link para o texto completo:
 
http://hdl.handle.net/10400.2/6716